Sob a regência de Rodrigo Toffolo, formação mineira promove encontro memorável entre samba, Beatles e música de concerto em evento gratuito que reuniu milhares de pessoas na orla carioca

Crédito: Lucas Teixeira

A Orquestra Ouro Preto protagonizou neste domingo (29), na icônica Praia de Copacabana, uma noite de celebração artística de rara potência e sofisticação. Como parte das comemorações pelos seus 25 anos de trajetória, a formação mineira reuniu dois expoentes da música brasileira contemporânea — a cantora Mart’nália e o Bloco do Sargento Pimenta — em concertos gratuitos e arrebatadores, dentro da programação especial do Orquestra Ouro Preto Vale Festival.

Com curadoria ousada e execução primorosa, o projeto reafirma o posicionamento da orquestra como uma das instituições musicais mais relevantes do país na atualidade. Ao promover diálogos entre universos distintos — do samba ao rock britânico, passando por arranjos eruditos e energia popular — o festival proporcionou uma experiência imersiva, plural e acessível, ampliando o alcance da música de concerto para novas audiências.

A noite teve início com a presença calorosa e carismática de Mart’nália, que subiu ao palco acompanhada da orquestra sob a regência precisa de Rodrigo Toffolo. O repertório, escolhido com esmero, passeou por momentos emblemáticos da carreira da artista — incluindo faixas como “Pé do meu samba”, “Cabide”, “Entretanto” e “Cheia de Manias”. Com sua voz marcante e suingue inconfundível, Mart’nália transformou a praia em um grande salão de celebração coletiva, com o público entregando-se à emoção em cada acorde.

Na sequência, o já tradicional Bloco do Sargento Pimenta levou o público a um transe festivo ao lado da Orquestra Ouro Preto em um espetáculo que fundiu o lirismo da música clássica à vibração carnavalesca de releituras dos Beatles. Canções como “Help”, “Yesterday”, “Let It Be” e “Twist and Shout” ganharam nova vida por meio de arranjos orquestrais sofisticados, sem perder a energia contagiante que consagrou o bloco como um dos maiores fenômenos do carnaval carioca contemporâneo.

A iniciativa foi viabilizada pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e demonstra o potencial transformador da articulação entre investimento cultural, excelência artística e fruição pública. A atmosfera de celebração foi ainda reforçada pela presença de nomes conhecidos do meio artístico, como os casais Gabriel Chadan e Ana Terra Blanco, Gabriela Nascimento e Lucas Popeta, além de Beth Gofman e Roberto Birindelli, que prestigiaram os concertos em clima de confraternização.

O festival teve início no sábado (28), com a estreia nacional da ópera “Feliz Ano Velho”, adaptação da obra homônima de Marcelo Rubens Paiva, que une música, literatura e teatro em uma encenação contemporânea de forte carga emocional e crítica social — uma demonstração da capacidade da orquestra em expandir fronteiras e renovar linguagens.

Ao longo de sua história, a Orquestra Ouro Preto consolidou-se como símbolo de versatilidade, inovação e compromisso com a difusão cultural. Ao completar um quarto de século, a formação não apenas revisita suas raízes, mas projeta o futuro com ousadia, apontando caminhos para uma música sinfônica viva, pulsante e conectada com o seu tempo.

Orquestra Ouro Preto Vale Festival 2025
🔗 Informações: www.orquestraouropreto.com.br