Há algo de simbólico no retorno do Epica ao Brasil em setembro de 2025. Duas décadas após emergirem como uma das forças mais expressivas do metal sinfônico europeu, os holandeses se encontram em plena forma criativa, apresentando ao público latino-americano o seu mais novo trabalho, Aspiral. Ao lado deles, os italianos do Fleshgod Apocalypse, que desde 2007 transformam o death metal em uma ópera de brutalidade e sofisticação, completam uma das turnês mais aguardadas do calendário pesado do ano.
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| EPICA | Crédito: Tim Tronckoe |
De 6 a 14 de setembro, seis capitais brasileiras — Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo — receberão o espetáculo, realizado pela Liberation Music Company, que ainda inclui datas no Chile, Argentina, Uruguai, Peru, Colômbia, El Salvador e Panamá.
Epica: entre a tradição e o risco criativo
Poucas bandas souberam equilibrar tanto grandiosidade orquestral e acessibilidade melódica quanto o Epica. Desde The Phantom Agony (2003), o grupo construiu um universo em que vocais líricos, coros sinfônicos e camadas eletrônicas coexistem com riffs de guitarras cortantes e bases rítmicas de metal extremo. A fórmula, que poderia ter se esgotado, foi sendo expandida com ousadia.
Com mais de 400 milhões de streams em sua carreira, o Epica não se contenta em repetir-se. O recém-lançado Aspiral prova isso ao mergulhar em referências pouco óbvias: há ecos de rock oitentista, nuances de música alternativa e até flertes com atmosferas mais introspectivas. Como destacou a banda em entrevista:
“Exploramos novas fronteiras musicais e líricas. O todo é verdadeiramente maior que a soma de suas partes — este álbum foi feito para ser experimentado por completo.”
A vocalista Simone Simons reforça que a turnê brasileira terá um setlist equilibrado, misturando clássicos como “Cry for the Moon” e “Sensorium” com as novas composições. A relação do Epica com o público brasileiro não é apenas comercial: é quase ritualística. Desde as primeiras turnês no país, o grupo reconhece a devoção nacional como uma das mais intensas do mundo.
Fleshgod Apocalypse: quando a brutalidade se torna arte
Se o Epica representa a face luminosa do sinfônico, o Fleshgod Apocalypse encarna sua vertente mais sombria. Em seu sexto álbum, Opera, produzido por Jacob Hansen (vencedor do Grammy), a banda italiana aprofunda a fusão entre death metal técnico e arranjos de música erudita, criando uma tapeçaria sonora que é ao mesmo tempo devastadora e majestosa.
O disco, inspirado na experiência de quase morte do vocalista Francesco Paoli, é uma reflexão existencial transposta em música extrema. Ao vivo, essa mistura de violência sonora e orquestração épica resulta em apresentações catárticas, onde o público é envolto em uma atmosfera quase cinematográfica.
Brasil como palco estratégico do metal sinfônico
Não é coincidência que o Brasil receba seis datas desta turnê — número expressivo para os padrões de uma banda europeia. O país, historicamente, figura como mercado vital para o metal internacional, tanto pelo tamanho do público quanto pela intensidade das recepções.
Eventos desse porte não apenas reafirmam a relevância do Brasil no circuito mundial, mas também demonstram como o gênero se mantém vivo e em mutação. O encontro entre Epica e Fleshgod Apocalypse coloca lado a lado duas visões complementares do sinfônico: a que aposta na melodia e na catarse coletiva, e a que busca o sublime no extremo da brutalidade.
Serviço – Epica e Fleshgod Apocalypse no Brasil
06/09 – Porto Alegre (Opinião)07/09 – Curitiba (Ópera de Arame)
09/09 – Belo Horizonte (Grande Teatro BeFly Minascentro)
11/09 – Brasília (Toinha)
13/09 – Rio de Janeiro (Sacadura 154)
14/09 – São Paulo (Terra SP)
Ingressos disponíveis via Fastix. Pacotes VIP limitados com Meet & Greet no site epica.nl/tour.
O encontro de duas estéticas
O que essa turnê representa, em última instância, é o diálogo entre duas estéticas do metal sinfônico. O Epica, com sua abordagem mais acessível e espiritual, e o Fleshgod Apocalypse, com sua brutalidade operística, convergem para um mesmo ponto: a capacidade de transformar o palco em experiência total, onde a música é espetáculo, catarse e reflexão.
Para os fãs brasileiros, setembro de 2025 não será apenas mais uma temporada de shows, mas um marco — um daqueles momentos em que o país se torna epicentro do metal mundial.
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