Móbile Lunar lança EP ao vivo no SESC Ver-o-Peso

Gravado ao vivo no Sesc Ver-o-Peso, em Belém, novo EP marca o início da nova formação da banda e antecipa um novo álbum previsto para ainda este ano.

A força de um show ao vivo vai além da técnica. Está no suor, na imprevisibilidade, na reação do público que transforma cada canção em algo único. É nesse espírito que a banda Móbile Lunar apresenta seu novo trabalho: um EP ao vivo que celebra a estreia da nova formação e marca uma virada estética e performática na trajetória do grupo paraense, já considerado um dos nomes mais promissores do rock independente nacional.

Gravado no emblemático palco do SESC Ver-o-Peso, o EP capta a energia crua e intensa do novo momento da Móbile — agora com Johan nos vocais e performance, e Rayssa Tiger no baixo. O trabalho funciona como um elo entre o passado e o presente da banda, ao revisitar faixas já conhecidas sob nova perspectiva e abrir caminho para o próximo álbum de inéditas, previsto ainda para este ano.

Conversamos com integrantes da banda sobre esse lançamento, os desafios da nova formação, as referências que costuram sua sonoridade — do rock progressivo dos anos 1970 à vivência na Amazônia — e a experiência arrebatadora de tocar no Festival Porão do Rock, em Brasília.

Music On The Road — A escolha de lançar um EP ao vivo como marco da nova formação é muito simbólica. Vocês decidiram registrar essa fase direto no palco, e não no estúdio. Foi uma espécie de declaração de intenções sobre o que é, hoje, a essência da Móbile Lunar?

Talvez o que norteie essa ordem seja uma ode à espontaneidade e à química artística que encontramos entre nós. Essa química nos arrebatou — inclusive nos palcos. São quase dez anos de estrada, e escutar esse registro ainda nos dá aquele frio na barriga. Isso é combustível. A mensagem por trás do EP é algo como: Escutem, tá incrível! Gostaram? Então imaginem essa experiência ao vivo, cara a cara!

Music On The Road — Laércio comentou que as versões ao vivo de "Azul e Violeta" e "Feroz" superaram as de estúdio. O que Johan e Rayssa trouxeram a essas faixas para que elas atingissem um novo patamar? Há algum exemplo prático que ilustre essa evolução?

A performance ao vivo nos permite uma dinâmica musical e uma interação com o público que não caberiam no estúdio. Como no final de “Azul e Violeta”, quando o Johan convida a plateia a cantar junto. Ou nas ambientações quase "floresta amazônica espacial" que a Rayssa cria com improvisos em “Esse Astro”. Em “Dona dos Meus Passos”, os timbres das guitarras ganham vida com solos dobrados pela voz do Johan. E o baixo e a bateria entregam um peso milimetricamente compassado em “Azul e Violeta”. Este EP é só uma amostra. Nossa musicalidade é construída com o cuidado de um bom artesão — e a entrega ao vivo amplia tudo isso.

Music On The Road — A sonoridade de vocês transita entre o rock progressivo setentista e as referências amazônicas contemporâneas. Como essas duas vertentes convivem no som da Móbile Lunar? Existe conflito criativo ou tudo flui naturalmente?

Sempre estivemos prontos para voos altos. Só faltava a oportunidade. Assim como muitas bandas do Pará, nossa história é de dedicação e renúncias. A nova formação vem reafirmar isso com mais intensidade. Não estamos brincando de fazer música — estamos prontos para levar nossa arte para qualquer palco que nos queira.

Music On The Road — A apresentação no Porão do Rock, em Brasília, foi considerada uma das grandes surpresas do festival. O que muda para a banda após essa validação nacional?

Sempre estivemos prontos para voos altos. Só faltava a oportunidade. Assim como muitas bandas do Pará, nossa história é de dedicação e renúncias. A nova formação vem reafirmar isso com mais intensidade. Não estamos brincando de fazer música — estamos prontos para levar nossa arte para qualquer palco que nos queira.

Music On The Road — Este EP também é um prelúdio para o próximo álbum de estúdio. O que essa experiência ao vivo ensinou a vocês sobre si mesmos? O novo disco vai traduzir essa visceralidade para o estúdio?

Estamos em um momento de desprendimento e liberdade criativa. Tudo flui de forma natural e democrática. Com certeza, o álbum será mais visceral. Mas a experiência do palco sempre será superior — porque ela se molda ao calor da hora, ao tipo de plateia, ao que o momento pede. O novo disco vai carregar essa vibração, sim, mas com a consciência de que o palco é onde nossa verdade se expande ao máximo.