A energia de um baile costuma ser expansiva: corpos em movimento, sons que vibram no coletivo, luzes que celebram. Mas, para Paula Lima, o baile também pode habitar os olhos, a respiração próxima, a delicadeza de um encontro íntimo com o público. É justamente essa a proposta do espetáculo Eu, Paula Lima – O Baile, que chega ao palco do Bona Casa de Música, em São Paulo, sob uma nova perspectiva.
Music On The Road — Ei, Paula! É um imenso prazer conversar com você. Antes de tudo, gostaria de parabenizá-la pela sua trajetória como artista e por enriquecer o mundo com a sua arte. Paula, o que você descobre de novo nas suas próprias canções ao despí-las para esse novo formato mais intimista?
Paula Lima — Cantar e me conectar com as pessoas é sempre um grande prazer. Em um show onde o público está mais próximo, a intimidade e a cumplicidade acontecem de forma diferente — assim como a magia. Cada canção ganha uma nova roupagem, mais voltada aos acordes e às intenções. As palavras soam de outro jeito. A troca, a conversa com quem está ali, acontece de forma mais pessoal. Será especial.
O repertório da noite percorre diferentes momentos da carreira de Paula: dos sucessos como “Clareou” à recém-lançada “Deguste”, passando por homenagens a nomes como Tim Maia, Jorge Ben Jor, Cheryl Lynn e, mais recentemente, Djavan. A seleção não é aleatória — segue um fio afetivo e sonoro que atravessa sua trajetória.
Music On The Road — Qual é o fio condutor que une esses artistas tão diversos sob a sua voz? E o que a canção do Djavan adiciona a essa narrativa que você constrói no palco?
Paula Lima — Tudo gira em torno da minha memória afetiva, da minha admiração por esses artistas que fazem parte da minha formação. Tem jazz, samba, balanço, bossa, suingue dominando tudo. Todos esses nomes fazem parte da grande árvore da black music, da música negra. Tudo se conversa. Tudo eu ouvi — e tudo isso me faz bem, sonoramente. Espero conseguir transmitir isso a todos.
Mais do que intérprete, Paula assina a direção e idealização do espetáculo. Em um cenário onde nem sempre o artista assume controle criativo total, ela reforça sua autonomia. Para a cantora, ocupar todos os espaços da criação é um compromisso com o que há de mais sagrado: o palco.
Foto: Paula Lima - Diego Mello
Music On The Road — O show é idealizado e dirigido por você. Qual a importância de ter essa autonomia em cena? O que a Paula Lima diretora exige da Paula Lima intérprete?
Paula Lima — A música é a minha maior paixão. Cantar é o meu maior prazer. E o palco é sagrado. Diante disso, respeito e acredito no meu ofício — e sempre faço de tudo para entregar o melhor. Gosto de me divertir com quem está comigo no processo. Gosto de estar com as pessoas no palco e na plateia. Me cerco de músicos que fazem a minha cabeça, porque eles compõem o som que quero transmitir: algo com assinatura, com identidade. Gosto de liberdade, de independência. Respirar esse prazer é uma enorme alegria.
Desde o início da carreira, Paula convida o público com a frase “Quero ver você no baile”. Ao longo dos anos, esse chamado ganhou novos significados. Hoje, mais do que uma festa, tornou-se um gesto de escuta, de presença e de reinvenção constante.
Paula Lima — O baile é atemporal. Tudo evolui — as referências, as inspirações, a sonoridade do mundo. Eu estou sempre muito atenta ao que mexe com a minha alma. Ao que ouço, vejo, sinto. E procuro sempre transmitir a melhor energia, os melhores sentimentos, a positividade nos encontros com o meu público. Então sigo, independente do projeto, convocando todos a celebrar a vida. Esse é o significado mais amplo de “baile”.
Esse baile também tem gênero, cor e história. Paula faz questão de frisar que estar no palco é também ocupar um espaço político. Em cena, ela homenageia mulheres fundamentais da música brasileira, como Rita Lee e Sandra de Sá — um gesto que reverbera identidade, afeto e resistência.
Paula Lima — As mulheres são grandiosas e apaixonantes! Temos nossas intersecções. Estamos todas aqui — e no mundo — buscando liberdade, independência, respeito, igualdade. Buscamos ocupar lugares estratégicos. E seguimos abrindo caminhos para um presente e um futuro mais seguros, prósperos e dignos. Sempre exaltando as conquistas de mulheres que criaram novos mundos. Então, sempre que posso, faço questão de homenageá-las e registrar, de forma sonora, meu amor, meu afeto e meu respeito a tantas arquitetas do planeta e da música.
Music On The Road — Paula, quero agradecer imensamente pelo seu tempo e pela sinceridade nesta conversa. Foi um privilégio mergulhar no seu universo e sentir de perto a paixão que conduz sua carreira artística. Um grande abraço e até a próxima!
SERVIÇO
Paula Lima "Eu, Paula Lima - O Baile"
- Local: Bona Casa de Música
- Data: 21 de junho de 2025 (sábado)
- Horário: 20h
- Ingressos: Eventim
- INSTAGRAM - @paulalima
- SHOWS- contato@paulalima.com.br
- PUBLICIDADE - @fhits
- IMPRENSA- @perfexx_assessoria
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