Em um movimento de depuração sonora, o quarteto de Santa Bárbara d'Oeste desvela a versão acústica de 'Caminhão de Mudança', ao mesmo tempo que sua implacável turnê nacional redefine os eixos geográficos do rock independente brasileiro.

Chococorn and the Sugarcanes | Crédito: Divulgação

A cena do rock nacional assiste a um fenômeno de descentralização e redefinição de identidade, e poucos nomes encarnam esse movimento com a veemência da Chococorn and the Sugarcanes. O quarteto, ponta de lança do selo +um Hits e arquiteto do chamado "emo caipira", executa agora um movimento duplo de grande impacto: o lançamento de uma versão acústica para a canção 'Caminhão de Mudança' e a manutenção de uma das mais extensas e capilarizadas turnês do circuito independente atual.

Lançada oficialmente hoje (18), a releitura acústica é mais do que o single final do aclamado disco de estreia, Siamês. Trata-se de um ato de introspecção estratégica. Gravada no icônico Estúdio El Rocha e sob a tutela do produtor Fernando Sanches – um nome cujo portfólio (CPM 22, Hateen) representa um verdadeiro rito de passagem no rock brasileiro –, a faixa desnuda a composição de seus arranjos elétricos para expor a sua essência melódica e lírica. "Revisitamos essa canção [...] para reinventá-la com um olhar que a gente nunca tinha tido pra olhar o mundo: acústico", afirma a banda. É uma declaração de maturidade e confiança na própria escrita.

Enquanto essa versão mais intimista chega ao streaming, o som amplificado do grupo reverbera pelo Brasil. Desde janeiro, sua turnê já é um case de sucesso: 27 shows, 12 estados e mais de 1.700 espectadores. Esses números, mais do que estatísticas, são a prova material de uma tese: a de que há uma demanda latente por narrativas musicais que fujam do eixo das capitais. O fenômeno dos "fãs torcedores", termo preciso cunhado pelo jornalista Lúcio Ribeiro, descreve a simbiose catártica entre palco e público, uma entrega que transformou o quarteto em um dínamo de engajamento, elevando seus ouvintes mensais a quase 10 mil.

A ofensiva sonora continua implacável. Após passagens iminentes por Sorocaba, São José dos Campos e Campinas, a agenda de julho levará a banda a palcos cruciais em Goiânia, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e capitais do Nordeste. Essa não é uma simples turnê; é um ato de mapeamento e conquista de território.

O futuro, longe de ser uma pausa, se anuncia com a mesma intensidade. A banda já testa nos palcos a inédita 'Vida de Messi' e prepara uma reedição de aniversário do álbum Siamês, remixada por Capilé (Sugar Kane), outra figura seminal da cena. São sinais de uma inquietação criativa que não se contenta com o sucesso já alcançado.

Chococorn and the Sugarcanes | Crédito: Juarez Godoy

Essa ascensão é indissociável da aliança com o selo +um Hits, cuja missão declarada de fomentar a cultura do interior paulista se alinha perfeitamente ao ethos da banda. A parceria fornece a estrutura burocrática e financeira que libera os músicos para o que mais importa: a criação artística e a performance visceral.

A Chococorn and the Sugarcanes, portanto, não está apenas lançando uma música ou cumprindo uma agenda de shows. A banda está, de fato, validando um movimento, provando que o "caipira" em seu "emo" não é um adjetivo geográfico, mas uma declaração de pertencimento e força cultural. Eles são a prova viva de que a nova música brasileira pulsa com vigor nos lugares que o mainstream insiste em ignorar.

AGENDA 

  • 05/07 - Goiânia ( Júpiter Bar)
  • 06/07 - Brasília ( Infinus)
  • 12/07 - Belo Horizonte (Casa Off)
  • 18/07 - Salvador (Discoledelia)
  • 19/07 - Aracaju (Taverna)
  • 20/07 - Maceió (Pop Fuzz)
  • 26/07 - Rio de Janeiro (Music Experiênce)
  • 27/07 - Vila Velha (Music 347)

Ouça o disco clicando aqui.

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