“Quantas vezes é possível se apaixonar?” apresenta a Música Popular Alternativa como um movimento que busca preencher lacunas sonoras e afetivas da cena contemporânea
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Capa do Álbum | Foto: Bianca Souza |
A música brasileira acaba de ganhar um novo capítulo em sua história sonora com o lançamento de “Quantas vezes é possível se apaixonar?”, álbum de estreia do cantor, compositor e multi-instrumentista Do Prado, natural de Americana, interior de São Paulo. Mais do que um trabalho autoral, o disco é a fundação de um novo movimento: a MPA – Música Popular Alternativa.
A sigla ainda não consta nos dicionários e nem deve ser confundida com a MPB tradicional, nem com o pop, o lo-fi ou qualquer outro rótulo já cristalizado no mercado. A MPA nasce da inquietação artística de Do Prado em criar um espaço sonoro para quem nunca coube nas prateleiras de estilos existentes — e chega como uma resposta à fragmentação estética e emocional do mundo contemporâneo.
Ao longo de 10 faixas, Do Prado constrói uma obra híbrida, que transita entre o orgânico e o digital com naturalidade, fundindo influências de R&B, samba soul, trap lo-fi, hip hop e até bossa nova, mas com uma assinatura própria, visceral e afetiva. Nas palavras do artista: “Esse disco mistura muita coisa que faz parte de mim. Tem MPB, samba soul, uma pegada de R&B, umas influências de bossa… mas tudo isso do meu jeito. É um trabalho com a cara do interior, mas com um olhar atual.”
Um disco-manifesto
“Quantas vezes é possível se apaixonar?” não é apenas sobre amor romântico, mas sobre o amor como força criativa, como ponto de partida para amadurecimento, pertencimento e liberdade. Com referências sensíveis ao cotidiano de quem vive fora dos grandes centros, especialmente a região de Americana (SP), o álbum ecoa vozes e paisagens invisibilizadas pela lógica do mainstream.
A faixa “Gaiola Fechada”, lançada como single em 2024 e acompanhada de videoclipe, é um dos pilares da nova fase de Do Prado, sintetizando em som e imagem a proposta da MPA. Já músicas como “Beijos e Cartazes de Cinema”, “Canto”, “Maior Pecado”, “Desejo” e “Perdido” exploram uma instrumentação refinada, com a participação de Bruce Willian (trompete) e Glaucio Santana (trombone), revelando um lado mais orgânico e sofisticado do álbum.
A produção musical reúne colaboradores de longa data, como Tiago Camargo e Gabriel Camargo, da banda Vício, além de Renato Cortez, da Elephant Run, que também assina parte dos arranjos e atua nos teclados e baixo. As gravações aconteceram nos estúdios Mato Records (MG), Estúdio Cabrera (SP) e foram finalizadas no Lavanderia Estúdio, em Campinas.
Um movimento para quem se sentia fora da "caixinha"
Do Prado chega para dar nome, corpo e voz a uma sonoridade que já existia, mas que ainda não tinha um representante. A MPA, segundo o artista, é um espaço de acolhimento para quem nunca se viu nas categorias tradicionais da indústria musical. É um convite à escuta atenta, à contemplação e ao resgate da emoção em sua essência.
Nesse contexto, o álbum se torna mais que um registro fonográfico: é um manifesto estético, afetivo e político, que dialoga com uma geração que busca sentido, profundidade e conexão em um tempo dominado pelo excesso de informação e pelas relações líquidas.
Do interior para o mundo
Com carreira ativa desde 2015, Do Prado se consolidou como uma das vozes mais singulares da cena musical do interior paulista. Com passagens por casas de shows e festivais da região e da capital, o artista vem construindo uma trajetória baseada na autenticidade e no lirismo. Seus EPs anteriores — “Do Âmago” e “Quando o Sol Acende” — já apontavam para a densidade emocional que agora encontra pleno desenvolvimento em “Quantas vezes é possível se apaixonar?”.
O lançamento marca também sua presença no Circuito Nova Música, Novos Caminhos, evento que acontece entre os dias 31 de julho e 3 de agosto em quatro cidades do estado de São Paulo, com curadoria do jornalista Lúcio Ribeiro. Do Prado integra o casting da +um Hits, selo e produtora sediada em Americana, que tem se destacado por fomentar a diversidade e apoiar talentos do interior paulista.
Um novo tempo para a música brasileira
A MPA chega como um movimento necessário para tempos de escuta distraída. Ao unir poesia íntima, estética contemporânea e produção de alta qualidade, Do Prado inaugura um território onde se é possível pertencer mesmo sendo diferente. “Quantas vezes é possível se apaixonar?” é a trilha sonora de um novo momento: para quem sente demais, para quem não se encaixa, para quem quer se escutar de verdade.
🎧 Ouça o álbum completo: ditto.fm/quantas-vezes-e-possivel-se-apaixonar
📺 Assista ao clipe de “Gaiola Fechada”: YouTube - Do Prado
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