Em um gesto de monumental ambição artística, a Orquestra Ouro Preto reivindica as areias de Copacabana para um festival que não apenas comemora seus 25 anos, mas redefine as fronteiras entre o erudito e o popular. A estreia da ópera "Feliz Ano Velho" e os encontros históricos com Mart'nália e Bloco do Sargento Pimenta prometem ser um marco cultural inesquecível nos dias 28 e 29 de junho.
Em um cenário onde a cultura busca constantemente por novos pontos de convergência, a Orquestra Ouro Preto emerge como uma força catalisadora. Para celebrar seu jubileu de prata, a aclamada formação mineira, cujo nome é sinônimo de excelência e vanguarda, promove o Orquestra Ouro Preto Vale Festival 2025. O evento, de acesso gratuito e patrocinado pelo Instituto Cultural Vale por meio da Lei Rouanet, transcende a simples comemoração: é uma declaração de propósito, encenada em um dos palcos mais democráticos do planeta, a Praia de Copacabana.
A programação é um díptico audacioso: de um lado, a densidade dramática de uma estreia operística mundial; do outro, a efervescência catártica de um carnaval sinfônico.
A Ressonância de uma Geração em Forma de Ópera
O ponto alto do festival é, sem dúvida, a estreia de “Feliz Ano Velho, a Ópera”, no sábado, 28 de junho. A transposição do romance autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva — um verdadeiro manifesto geracional dos anos 80 — para o universo operístico é um projeto de rara coragem. A iniciativa, nascida da sinergia artística entre o maestro e diretor musical Rodrigo Toffolo e o próprio autor, confere uma nova dimensão à narrativa de resiliência e ironia que marcou milhões de leitores.
A arquitetura musical e o libreto levam a assinatura de Tim Rescala, compositor cuja maestria em dialogar com a alma brasileira já foi comprovada em parcerias anteriores com a orquestra. Sob a direção cênica de Julliano Mendes e com um elenco de peso liderado por Johny França (Marcelo) e Jabez Lima (Rubens Paiva), a montagem promete ser uma imersão na complexa tessitura emocional da obra.
“É emocionante ver ‘Feliz Ano Velho’ ganhar vida no palco de forma tão intensa e musical. Estou me sentindo um 'erudito'”, confessa Marcelo Rubens Paiva, validando a metamorfose de sua criação.
Para Toffolo, o projeto é um passo natural na trajetória disruptiva da Orquestra. “O público pode esperar uma ópera que pulsa com uma mensagem de superação. Apresentá-la em Copacabana é uma homenagem ao legado de Paiva, cuja força narrativa continua a ecoar, como vemos no recente sucesso de ‘Ainda Estou Aqui’”, contextualiza o maestro.
Sinergia Popular: Do Samba ao Rock Britânico em Tessitura Sinfônica
No domingo, 29, o festival se transforma em uma apoteose da musicalidade brasileira e global. A noite inicia com a Orquestra dividindo o palco com Mart’nália. Mais que um concerto, a performance se desenha como uma celebração da identidade carioca, fundindo o suingue inconfundível da sambista com a sofisticação dos arranjos orquestrais. O repertório, que vai de clássicos da MPB a hits contagiantes, foi curado como um "presente para o público carioca", segundo Toffolo.
Mart’nália (Foto divulgação)
Na sequência, o palco será tomado por um dos amálgamas sonoros mais fascinantes da cultura pop brasileira: o Bloco Sargento Pimenta. A energia carnavalesca que o grupo imprime aos hinos dos Beatles será potencializada pela grandiosidade sinfônica da Orquestra. A escolha é profundamente simbólica. “O Bloco do Sargento Pimenta representa uma conexão direta com a juventude do Marcelo Rubens Paiva e de toda uma geração que viu os Beatles florescerem no Brasil. Eles têm essa incrível capacidade de arrastar multidões, algo que casa perfeitamente com o nosso propósito de levar a música a todos”, elucida o maestro.
Bloco Sargento Pimenta (Crédito: Rafael Catarcione)
Este evento monumental é viabilizado por um pilar essencial na sustentabilidade de grandes projetos culturais: o mecenato. Hugo Barreto, presidente do Instituto Cultural Vale, reafirma a visão por trás do patrocínio: "Acreditamos no poder transformador da arte. Apoiar a Orquestra Ouro Preto nesse momento tão simbólico reafirma nosso compromisso com iniciativas que unem excelência artística, inovação e inclusão social".
O festival em Copacabana, portanto, não é apenas uma festa de aniversário. É a consagração de uma filosofia: a de que a grande música, seja ela qual for, pertence a todos e tem o poder de narrar e transformar a experiência humana.
SERVIÇO
- Evento: Orquestra Ouro Preto Vale Festival 2025
- Datas: 28 e 29 de junho de 2025
- Local: Praia de Copacabana, Posto 2 – Rio de Janeiro (RJ)
- Acesso: Gratuito e aberto ao público
Programação Detalhada:
- Sábado, 28 de junho, 19h: Estreia Mundial – “Feliz Ano Velho, a Ópera”
- Domingo, 29 de junho, 18h: Orquestra Ouro Preto convida Mart’nália
- Domingo, 29 de junho, 19h30: Orquestra Ouro Preto & Bloco do Sargento Pimenta: The Beatles
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