Vera Fischer Era Clubber abre a noite com estreia avassaladora na lona da Lapa
Em uma noite que promete marcar a memória afetiva da música brasileira com força, elegância e subversão, Marina Lima apresenta a turnê “Rota 69” no palco do Circo Voador, na sexta-feira, 18 de julho. Mais do que um show, o espetáculo dirigido por Candé Salles é um mergulho panorâmico na obra de uma das artistas mais icônicas do país, ao mesmo tempo em que aponta para o presente com frescor e inteligência estética.
O nome do projeto é repleto de camadas: a “Rota 69” faz referência tanto à lendária Route 66 norte-americana — símbolo da liberdade e da cultura jovem dos Estados Unidos, país onde Marina viveu sua infância — quanto aos 69 anos de vida da cantora, celebrando uma carreira sólida, vanguardista e profundamente ligada aos dilemas e transformações do tempo.
Com 45 anos de estrada e uma discografia marcada por ousadia sonora e lirismo refinado, Marina Lima surge mais uma vez com um olhar criativo aguçado. Acompanhada por uma banda que une precisão técnica e sensibilidade — Arthur Kunz (bateria), Carol Mathias (teclados), Giovanni Bizotto (violão) e Gustavo Corsi (guitarra) —, a artista entrega um repertório que percorre clássicos consagrados como “Virgem”, “Eu Te Amo Você”, “Fullgás” e “Nada por Mim”, ao lado de composições mais recentes e releituras surpreendentes, que renovam seu legado artístico com brilho e vitalidade.
O espetáculo também se destaca pelo cuidado cênico, com elementos de dança, dramaturgia e iluminação que acentuam as múltiplas camadas de sua performance. “Rota 69” é, portanto, um convite à travessia — entre décadas, sonoridades, memórias e reinvenções — conduzido por uma artista que nunca deixou de experimentar.
A nova cena pede passagem: Vera Fischer Era Clubber
Antes da consagrada estrela subir ao palco, a noite reserva uma estreia que vem movimentando o underground carioca com intensidade crescente: Vera Fischer Era Clubber. O quarteto formado por Malu, Pek0, Vickluz e Crystal leva ao Circo Voador sua estética sonora e visual eletrizante, marcada por uma fusão de post-punk, electro-punk, techno e pop — com doses generosas de ironia, sarcasmo e presença performática.
Em seu aguardado début na Lapa, o grupo apresenta o elogiado álbum “VERAS I”, um trabalho que resgata a nostalgia da música eletrônica dos anos 1990 e a traduz em uma linguagem contemporânea, pulsante e provocadora. Com sintetizadores distorcidos, guitarras industriais e vocais que transitam entre o teatral e o confessional, o show das Veras é uma verdadeira imersão em atmosferas que vão do lisérgico ao explosivo.
Mais do que um projeto musical, Vera Fischer Era Clubber é uma experiência estética e política, que questiona convenções e reinventa o conceito de “banda” no século XXI. Em plena efervescência criativa, o grupo estabelece diálogos diretos com a cultura de clubes, o feminismo, a estética queer e o resgate de uma energia rebelde essencial à história da música alternativa.
Encontro de gerações, encontros de mundos
Com essa dobradinha potente entre uma das maiores artistas da música brasileira e uma banda que simboliza o vigor da nova cena independente, a noite de 18 de julho no Circo Voador se desenha como um marco simbólico — um raro e precioso encontro entre tradição e ruptura, memória e futuro, pop e experimentalismo.
Entre batidas eletrônicas, guitarras emblemáticas, letras viscerais e um público fiel que atravessa gerações, Marina Lima e Vera Fischer Era Clubber constroem juntas uma narrativa potente sobre a diversidade e a continuidade da música brasileira. Uma noite para ouvir, dançar, pensar — e jamais esquecer.
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