Supercombo lança “Caranguejo – Parte 1” e resgata essência com ousadia sonora

Com mais de 15 anos de estrada e um repertório que sempre transitou entre a irreverência lírica e a versatilidade musical, a Supercombo apresenta seu novo trabalho, Caranguejo – Parte 1, lançado em agosto de 2025. O disco marca um retorno às raízes roqueiras da banda, mas sem abrir mão da inventividade e do humor característicos, incorporando elementos de brasilidades e experimentações inusitadas — como no primeiro single, “Piseiro Black Sabbath”, que já entrega ao público a mistura improvável de piseiro com riffs pesados.

O título surgiu de uma brincadeira durante a pré-produção. Segundo o vocalista Leo Ramos, um comentário informal sobre algumas músicas “irem para um lado e depois para o outro” — como um caranguejo — acabou se transformando no conceito do álbum. A metáfora ganhou força e se estendeu para a estética do trabalho, estampando a capa e protagonizando o clipe, enquanto dialoga com a própria postura criativa da banda: alternar direções sem perder identidade.

Assim como o crustáceo que se refugia na areia em busca de segurança, a Supercombo mergulhou na própria essência, resgatando a energia dos primeiros discos e dando novo fôlego ao seu rock, agora temperado com recursos eletrônicos e ritmos brasileiros. A faixa de abertura, “A Transmissão”, acena diretamente para essa fase inicial. Em seguida, “Piseiro Black Sabbath” evidencia a liberdade criativa do grupo, fruto de uma gravação ao vivo no estúdio, com todos os integrantes tocando juntos.

A versatilidade se mantém em “Hoje Eu Tô Zen”, que contrasta guitarras pesadas e refrão quase gritado com uma letra de aparente serenidade; em “Alento”, pop/rock luminoso escrito por Leo para a filha; e na melancólica “Testa”, balada introspectiva sobre luto, que incorpora um instrumental indie dançante. “Nossas Pitangas” resgata influências dos anos 80 e 90, evocando bandas como Tears for Fears com teclados nostálgicos, enquanto “Alfaiate” encerra a primeira parte do projeto com uma narrativa sobre autoestima e identidade, costurada em metáforas do universo da moda.

A produção de Caranguejo é a mais elaborada da trajetória da banda. Além dos integrantes, o jovem produtor Victor de Souza (Jotta) assina a produção e pós-produção, agregando referências do pop, hiperpop e música urbana. “O trabalho que fizemos juntos foi fundamental para esse resultado”, destaca Leo Ramos.

O álbum foi concebido em duas partes, com lançamento escalonado: cada faixa da Parte 1 terá uma “conversa” direta com a faixa correspondente da Parte 2, prevista para 2026. “Vivemos numa era imediatista e viciada em singles. Dividir o trabalho em dois momentos é uma forma de dar mais atenção a cada canção”, explica o baterista André Dea.

Caranguejo – Parte 1 reafirma a Supercombo como uma banda capaz de unir humor, profundidade e experimentação sem perder a força melódica. É um disco para ser ouvido com calma, absorvendo cada detalhe, e que já deixa o público na expectativa do próximo movimento — tal qual um caranguejo, pronto para mudar de direção a qualquer instante.

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