Lagum fala sobre como a dor inspirou o novo álbum: As Cores, As Curvas e As Dores do Mundo

A dor, inevitável e transformadora, tornou-se um dos pilares criativos do novo álbum do Lagum, As Cores, As Curvas e As Dores do Mundo. Em coletiva de imprensa, os músicos mineiros falaram sobre como experiências pessoais atravessaram o processo de composição e se transformaram em canções capazes de conectar banda e público em um terreno comum: a vulnerabilidade

Foto: Marina Matos (@amarinamatoss)

Music On The Road — Neste novo trabalho, a dor aparece como um ponto de partida criativo. Como cada um de vocês conseguiu transformar esse sentimento em música?

Pedro — Eu sempre vi a dor e os momentos trágicos como pontos de virada, como se a vida dissesse: “não é por aqui, é por ali”. Nesse disco, vivi dores muito marcantes. A mais forte foi em um evento na Barra do Sahy, no litoral norte de São Paulo, durante a maior chuva da história do Brasil. Foi uma tragédia, e eu presenciei tudo de perto.

Isso me fez refletir sobre a vida, sobre propósito, sobre meu trabalho não ser só trabalho. Pude ajudar a comunidade, estar próximo da família e dos amigos, e isso me inspirou a escrever A Última Nuvem do Céu. Ali vi a vida e a morte numa linha muito tênue. Essa experiência me transformou e se refletiu no álbum.

Até músicas que não falavam diretamente sobre dor, como A Cidade, acabaram ganhando esse sentido com o público, que a usou em homenagens a pessoas que se foram. Acho que a dor é um grande ponto de conexão entre as pessoas e de crescimento.

Music On The Road — E como essa temática se conectou entre vocês quatro?

Jorge — Eu consegui canalizar momentos de dor em Desvantagens. Vivi um relacionamento à distância por alguns anos, e um dos momentos mais difíceis era sempre a hora de dar tchau. Esse turbilhão de emoções eu coloquei no final da faixa, em um solo de guitarra que carrega essa sensação. Foi a forma de transformar a dor da saudade em música.

Chico — Para mim, a dor é muito pessoal. Já vivi fases em que a música foi remédio, mesmo sem entender a letra. Às vezes, apenas uma melodia, uma harmonia, um acorde específico já traziam conforto. Essa sensação de desconforto que se transforma em alívio sempre me marcou.

Brincar com essas possibilidades harmônicas e conduzir esse sentimento foi algo que senti muito forte nesse álbum. Ele traduz bem como a dor pode se tornar arte.

Com experiências singulares, mas complementaresLagum constrói um retrato coletivo da dor — não como fardo, mas como força criativa e possibilidade de conexão. As Cores, As Curvas e As Dores do Mundo se revela, assim, um trabalho que celebra não apenas as cicatrizes, mas também as transformações que nascem delas.

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