Rapper de Queimados protagoniza apresentação histórica com ingressos esgotados no Rio de Janeiro
| Créditos: Daniel Neves (@nevesvailan) / Music On The Road (@musicontheroad_) |
Desde sua estreia em 2018, Ebony vem se consolidando como uma das vozes mais contundentes e criativas do rap nacional. Natural de Queimados, na Baixada Fluminense, a rapper chamou atenção com seu disco de estreia Visão Periférica (2021) e ampliou seu alcance com Terapia (2023), trabalhos que mesclam consciência social, vivência periférica e inovação musical.
Em maio de 2025, Ebony lançou KM2, single que a colocou definitivamente no radar do grande público, trazendo consigo faixas que já se tornaram hinos para os fãs, como “Extraordinária” e “Triplex”. Inspirada por referências internacionais como Nicki Minaj e Missy Elliott, a artista iniciou sua nova turnê e, na última sexta-feira (26), protagonizou um show histórico no Circo Voador, no Rio de Janeiro, com ingressos esgotados.
A abertura ficou a cargo de SHURY, rapper de Duque de Caxias, que conduziu a plateia com rimas carregadas de histórias de vida, resistência e empoderamento da juventude marginalizada, estabelecendo o tom político e social da noite.
O espetáculo estava programado para começar às 22h, mas o atraso de quase 50 minutos não diminuiu a expectativa: mesmo acompanhando as faixas tocadas pelo DJ da noite, o público manteve-se animado, cantando e interagindo, ansioso pelo momento em que Ebony subisse ao palco. Pouco antes de sua entrada, efeitos sonoros reproduziram estampidos de balas, sirenes e trechos de telejornais, retratando o caos urbano e a realidade de regiões violentas da Baixada Fluminense e do estado do Rio de Janeiro.
Quando Ebony finalmente surgiu, vestida de freira com traje branco, a reação do público foi ensurdecedora. A partir daí, a rapper, acompanhada de quatro dançarinas carismáticas, conduziu um show vibrante e emocional. A abertura com “Parte do Mundo” deu o tom, seguida por “SXO”, colaboração com Carlos do Complexo e LARINHX, que reforçou a diversidade sonora e a força do coletivo artístico da periferia.
Ao longo da apresentação, Ebony transitou entre hits de apelo comercial e canções de forte conteúdo político e social, incluindo “Festa do Pijama” (feat. Urias), “Megalomaníaca”, “Hentai” e “Vale do Silício”, momento em que interagiu diretamente com o público, filmando-se com celulares capturados da plateia. Cada faixa, cada gesto e cada troca de figurino reforçaram a magnitude de uma produção cuidadosa e impactante.
Além da performance, a rapper revelou aspectos de sua trajetória pessoal, incluindo sua formação religiosa na infância, adicionando camadas de intimidade e humanidade ao espetáculo. O show avançou para sua reta final com faixas como “Espero Que Entendam”, “Pensamentos Intrusivos” e “Roubando Livros”, antes de se encerrar com “Hong He” e “Extraordinária”, reafirmando a potência da Baixada Fluminense e a conexão visceral de Ebony com seu público.
Naquela noite, o Circo Voador não foi apenas palco: foi um território de celebração da cultura periférica, onde a artista transformou a dureza da realidade em arte e sucesso, deixando claro que a Baixada Fluminense, mais uma vez, mostrou sua força e relevância no cenário musical nacional.
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