Banda celebra um dos discos mais elogiados do rock nacional no ano com apresentação especial em São Paulo, no dia 14 de dezembro, e participações de Hibalta e Sandro na abertura.
A Supercombo escolheu São Paulo para fechar um dos anos mais intensos e criativos de sua trajetória. No próximo 14 de dezembro (domingo), a banda sobe ao palco da Audio, na zona oeste da capital, para apresentar o show oficial do álbum Caranguejo, lançado recentemente pela DeckDisc e já apontado como um dos trabalhos mais relevantes do rock brasileiro em 2025. A casa abre às 18h, com Hibalta e Sandro como atrações de abertura.
Mais do que um encerramento de agenda, o show marca a consolidação de uma fase em que a Supercombo revisita suas origens ao mesmo tempo em que amplia seu repertório estético. Caranguejo nasce de um comentário aparentemente despretensioso, ouvido durante a pré-produção do disco, que comparava as novas composições ao movimento do animal — canções que caminham para um lado e depois para o outro, fugindo de definições óbvias. A imagem foi imediatamente abraçada pela banda e passou a orientar não apenas o título, mas também o conceito visual e simbólico do projeto, presente na capa e no clipe.
Assim como o caranguejo que se protege na areia, o álbum representa um retorno à essência da Supercombo: o rock como eixo central, sustentado por riffs de guitarra e energia de banda, mas atravessado por experimentações que dialogam com a música brasileira contemporânea. Há espaço para o inesperado — como o flerte com o piseiro no single “Piseiro Black Sabbath”, uma das faixas mais comentadas do disco, surgida de uma gravação quase lúdica, com todos tocando juntos no estúdio.
O repertório de Caranguejo percorre diferentes climas e intenções. “A Transmissão” abre o álbum com um rock direto que remete aos primeiros trabalhos do grupo, enquanto “Hoje Eu Tô Zen” aposta no peso e na ironia, contrastando um refrão quase gritado com uma letra que brinca com o discurso do equilíbrio emocional. “Alento”, escrita por Leo Ramos para sua filha, revela um pop rock emotivo e acessível, daqueles refrões que permanecem na memória.
Momentos mais introspectivos também têm destaque. “Testa” aborda o luto em uma balada sensível, embalada por um instrumental indie dançante, e “Nossas Pitangas” resgata referências oitentistas e noventistas, evocando nomes como Tears For Fears e os teclados marcantes da época. Fechando o disco, “Alfaiate” utiliza o universo da costura como metáfora para narrar conflitos de autoestima e fragilidade emocional.
Considerado o álbum mais produzido da carreira da Supercombo, Caranguejo incorpora camadas eletrônicas e uma sonoridade mais elaborada. A produção e a pós-produção ficam a cargo de Victor de Souza (Jotta), jovem produtor com trânsito entre o pop, o hiperpop e a música urbana, cuja colaboração foi decisiva para o resultado final. O disco também se destaca pela estrutura pensada em duas partes paralelas, em que as faixas dialogam entre si, proposta que busca desacelerar a escuta e valorizar o álbum como obra completa em um cenário dominado por singles e lançamentos imediatos.
No palco da Audio, a expectativa é de um show que traduza essa fase com intensidade, combinando músicas novas e clássicos da discografia, além da atmosfera especial de despedida de 2025. Para a Supercombo, é o fechamento de um ciclo — e, ao mesmo tempo, o prenúncio do que ainda está por vir em 2026.

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