Crítica | Di Ferrero une nostalgia e experimentação no The Town com “The Hard Pop Party”

No terceiro dia do The Town 2025, Di Ferrero subiu ao palco The One e mostrou que, mesmo depois de consolidar sua carreira à frente do NX Zero, não tem medo de experimentar. Batizado de “The Hard Pop Party”, o show foi uma declaração de versatilidade artística: emo, pop e pagode se encontraram de forma improvável, desafiando qualquer tentativa de enquadramento estilístico.

Foto: @thetownfestival

Entre passado e presente
O repertório mesclou clássicos do NX Zero — “Razões e Emoções”, “Só Rezo”, “Não É Normal” — com músicas de sua fase solo, como “Um Brinde” e “Além do Fim”. O equilíbrio entre nostalgia e novidade foi impecável: os fãs mais antigos se emocionaram, enquanto os novos puderam conhecer o lado pop e dançante de Di Ferrero, que soube conduzir a plateia com naturalidade.

Ousadia e humor musical
O show ganhou força nos mashups e nas experimentações: a fusão de “Misery Business” (Paramore) com “Até Que Durou” (Péricles) transformou o palco em um laboratório musical, arrancando risos e aplausos da plateia. Covers de “Toxic” (Britney Spears) e “Bye Bye Bye” (NSYNC) reforçaram a capacidade do artista de reinventar hits internacionais com identidade própria.

O que impressiona é a coragem de misturar gêneros sem parecer forçado. Di Ferrero entende que o pop pode ser híbrido, divertido e até provocador, sem perder coesão ou qualidade técnica. Em um cenário brasileiro muitas vezes avesso a experimentações, o cantor se destaca por conduzir o público por caminhos inesperados e, ainda assim, envolventes.

Performance e presença de palco
Além da música, Di Ferrero demonstrou domínio de palco. A interação com o público, os momentos de instrução coletiva e a proximidade emocional — reforçada pela presença da esposa Isabeli Fontana e do enteado Lucas Fontana — transformaram o show em experiência afetiva. O ponto alto emocional veio ao final, com lágrimas e homenagem a Chorão, consolidando o caráter pessoal e íntimo de um espetáculo que, à primeira vista, parecia apenas divertido e enérgico.

Produção e impacto visual
A banda, completa e bem ensaiada, fez bom uso de metais e sopros, conferindo profundidade ao repertório e dinamizando a alternância entre momentos acústicos e explosivos. A iluminação e o uso do espaço do palco The One reforçaram a energia do show, criando um espetáculo que funcionou tanto para fãs de longa data quanto para novos admiradores.

Di Ferrero não apenas se apresenta; provoca, desafia e reinventa. “The Hard Pop Party” é um manifesto artístico: um show onde emo, pop, pagode e referências internacionais coexistem sem amarras, e onde a nostalgia se transforma em frescor criativo. É uma lição de reinvenção, ousadia e precisão musical, consolidando o cantor como um dos nomes mais inteligentes e relevantes do pop-rock brasileiro contemporâneo.

Postar um comentário

0 Comentários