Turnê que chega a Belo Horizonte em 20 de setembro é mais que um show: é um manifesto estético sobre a vida urbana e o papel da música no nosso tempo
Por mais que o título sugira um mergulho poético, “As Cores, as Curvas e as Dores do Mundo” não é apenas o nome do novo álbum da Lagum, lançado em maio de 2025, mas sim a síntese de um projeto artístico que encontra na contradição a sua força. Ao transformar sentimentos cotidianos em matéria-prima estética, a banda mineira cria uma obra que não se limita a tocar — ela confronta, questiona e expande o olhar sobre a vida urbana contemporânea.
No próximo dia 20 de setembro, o BeFly Hall, em Belo Horizonte, se tornará o palco de uma experiência que vai além da celebração de 11 anos de carreira. Será um encontro da Lagum com suas origens, mas também com o público que aprendeu a crescer junto com a banda.
Entre a catarse e a reflexão
Ao vivo, a Lagum é reconhecida por transformar canções em rituais coletivos. O que no estúdio soa íntimo, nas apresentações ganha contornos catárticos, embalados por arranjos repensados exclusivamente para o palco. Essa dimensão performática é central para compreender a turnê atual: cada acorde, cada nuance e cada pausa são carregados de um propósito, como se o grupo escrevesse, diante dos olhos do público, uma carta aberta sobre o presente.
O disco que guia a turnê é um retrato multifacetado da vida contemporânea. O ritmo acelerado das cidades, a pressão das redes sociais, a busca por autenticidade em meio a filtros e ilusões digitais — tudo aparece nas letras e nos arranjos como um convite à introspecção, mas também à celebração. Não se trata de uma obra que conforta, mas de uma que desafia: dançar, sorrir e refletir, às vezes tudo ao mesmo tempo.
A reinvenção como identidade
A trajetória da Lagum é marcada por reinvenções. De Deixa (2018), que os projetou nacionalmente, à experimentação mais densa de Depois do Fim (2023), passando pela dor transformada em arte no álbum Memórias (De Onde Eu Nunca Fui) (2021), a banda soube transformar experiências pessoais e coletivas em capítulos de uma narrativa que dialoga com sua geração.
A morte de Tio Wilson, em 2020, poderia ter significado um ponto final. Mas se tornou um ponto de virada. Desde então, a Lagum amadureceu como projeto artístico e como fenômeno cultural, expandindo horizontes e mostrando que sua força não se limita ao hit radiofônico, mas se sustenta em uma proposta de identidade musical sólida.
Entre o pop e a poesia urbana
Na cena brasileira atual, marcada por uma pluralidade de vozes e pela diluição de fronteiras entre gêneros, a Lagum ocupa um espaço raro: o de um grupo capaz de dialogar com as massas sem perder densidade artística. Seu som trafega entre pop, rock, reggae, indie e experimentações diversas, mas o que os diferencia é a forma como traduzem a experiência urbana em linguagem estética acessível e, ao mesmo tempo, provocadora.
“As Cores, as Curvas e as Dores do Mundo” funciona como um espelho desse tempo: um álbum que ora celebra, ora inquieta, ora confessa fragilidades. A turnê, por sua vez, potencializa essas camadas em espetáculo. Belo Horizonte, berço e porto seguro da banda, será o palco ideal para que essa proposta encontre seu clímax.
Um show como manifesto
Mais do que uma apresentação, o que se espera no BeFly Hall é um ato coletivo de reconhecimento. A Lagum não canta apenas para si mesma: canta com e para uma geração que busca sentido em meio ao caos. Cada música é uma curva, uma cor ou uma dor compartilhada, ressignificada pelo poder da coletividade.
O retorno à cidade natal, portanto, carrega simbolismo. É o reencontro de uma banda que saiu de Belo Horizonte para o mundo, mas que nunca deixou de carregar consigo a intensidade das ruas que a formaram. No palco, esse reencontro se traduz em música, em catarse e em um manifesto sobre quem somos — e para onde vamos.
SERVIÇO: LAGUM
LOCAL: BEFLY HALL
DATA E HORÁRIO: 20 DE SETEMBRO, SÁBADO
ABERTURA DOS PORTÕES: 20:00
SHOW: 22:00
INGRESSOS:
SYMPLA
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